Pedalar...

PEDALAR, CINEMA INTERATIVO 360°
A BICICLETA E OS QUATRO ELEMENTOS DA NATUREZA NOS CHAMANDO PARA A VIDA

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

CAMINHO DA FÉ - MEU EVEREST PARTICULAR



Desde 2003, o Caminho da Fé reúne peregrinos à pé ou de bicicleta testando limites físicos, emocionais e espirituais.

A resistência, o despojamento, o desapego, a força de vontade são alguns dos sentimentos que nos guiam, esclarecem e alimentam na trajetória até o Santuário de Aparecida, em São Paulo.

O auto-conhecimento, o aprimoramento físico-mental-espiritual, a devoção à Nossa Senhora Aparecida, são algumas das motivações que nos levam a percorrer uma das Rotas Peregrinas mais famosas do Brasil.

Eu fui, pela segunda vez, com a intenção de experimentar tudo isso novamente e comparar meu desempenho oito anos após a primeira experiência.

Em 2008 iniciei em Descalvado e percorri 540km em 7 dias e em 2016 iniciei em Águas da Prata e percorri 330km em 5 dias. 

Voltei do Caminho em 2008 e, foi tão sofrido - e até traumático, que não pensava mais em voltar àquelas montanhas. Essa é a verdade.

E de repente, oito anos mais velha e muito mais experiente em viagens de bike decidi enfrentar, mais uma vez, os altos picos da Mantiqueira.

Procurei nas gavetas as anotações que havia feito e na memória busquei as marcas indeléveis deixadas pelo Caminho.

Tracei uma programação para cinco dias e comecei a me preparar para "dar conta do recado".


21/07/2016 - Primeiro dia: Águas da Prata - Ouro Fino







































06:30 horas: estamos eu, a Priscila e o Estevam em frente à Associação dos Amigos do Caminho da Fé, em Águas da Prata. O Estevam é o amigo que fez nosso traslado e a Priscila será minha companheira nessa empreitada.




É bom lembrar que a Associação só abre às 09:00 horas. Entretanto, um contato telefônico antecipado permitiu que pudéssemos pegar a credencial (R$ 10,00) e iniciar a travessia até Andradas bem mais cedo, ganhando um tempo precioso, diante dos 80km que haveríamos de percorrer neste primeiro dia.



Com bagagem mínima, iniciamos ansiosamente a subida do Pico do Gavião às sete e meia da manhã, após nos despedirmos do Estevam com gratidão.



Esse primeiro trecho do Caminho - a travessia do Pico do Gavião - eu tive oportunidade de pedalar algumas vezes depois do Caminho da Fé de 2008, de forma que senti-me mentalmente preparada para a travessia. 



Na ponte de pedra

As setas amarelas estão sempre presentes




Andradas entre as montanhas
Pedalamos sem forçar o ritmo e chegamos na cidade de Andradas às 11:00 horas. Aproveitamos para almoçar num restaurante pertinho do hotel onde carimbamos a credencial. 




Concordamos que comer bem durante o percurso seria essencial. Na bagagem levamos mix de castanhas e frutas secas e a Priscila levou alguns suplementos e isotônico.

Demoramos três horas e quinze minutos para percorrer 34km, de forma que deveríamos seguir em frente, já que outra serra estava à nossa espera: a Serra dos Lima.

O tempo seco e a poeira levantada pelos automóveis entre Andradas e a Serra dos Lima fez com que a gente acelerasse o pedal. A parte mais íngreme da serra está asfaltada, são uns dois quilômetros - e são bem duros! Eu pedalei 1/3 dessa parte, mas a Priscila subiu inteiro.






Vencido esse trecho, o Caminho fica mais suave, até chegarmos perto da Barra, um pequeno vilarejo.



Igrejinha da Serra dos Lima

Estranho, não me lembrava das descidas perigosíssimas, às quais desci com muita cautela e rezando pra não acontecer nada errado com os freios da bike.
E aqui deixo um "salve" para o Igor da HTBikes, que me aconselhou a trocar as pastilhas. Mais tarde, soubemos que um ciclista caiu e fraturou a clavícula.

Muita coisa "sumiu" da minha mente, comparando as duas experiências, e a subida depois da Barra, onde passamos pela cachoeira, eu não lembrava. E foi outra subida dura!

Parada antes da subida da cachoeira


Igrejinha na Barra

Dá pra ver a igrejinha verde lá embaixo




Às 16:15 horas chegamos em Crisólia.



Carimbamos a credencial no Bar da Zéti e partimos para os últimos sete quilômetros até Ouro Fino, onde chegamos ainda com luz do dia.





Procuramos uma pousada e encontramos a  Don Paolo. Não é muito barata (R$75,00), mas como não havíamos dormido naquela noite por conta da ansiedade e tudo mais, resolvemos ficar.

Lavamos as bikes (ótima decisão da Pri procurar limpar as bikes todos os dias), tomamos um delicioso banho e saímos para comer. Estava um gelo!

A Matriz de Ouro Fino, uma das mais bonitas do Caminho

Os números deste dia:

Distância: 78,49km
Velocidade média: 10,6 Km/hora
Tempo: 7h 23minutos


(Dá para estender o pedal até Inconfidentes. São apenas sete quilômetros a mais, sem subidas)


META  DO DIA CONCLUÍDA COM SUCESSO!



22/07/2016 - Segundo dia: Ouro Fino a Estiva


























https://www.strava.com/activities/649975491


Para mim, o segundo dia foi o mais difícil, por conta do ganho de elevação, que ultrapassou os 2.000 metros.

Pensei que por causa do cansaço iria dormir como uma pedra, mas senti um desconforto nos braços e ombros, uma irradiação, provavelmente devido à tensão por ter de segurar a bike nas descidas insanas perto de Barra. Ainda bem que passou depois do alongamento, e pude dormir. A Priscila disse que sentiu o mesmo desconforto.

Fez frio em Ouro Fino, mas após um ótimo café da manhã partimos em direção à Inconfidentes: os 7km mais tranquilos do Caminho. Pensando bem, poderíamos ter esticado o pedal até Inconfidentes.




Depois de carimbar a credencial no Bar do Maurão, fizemos algumas imagens...







... antes de continuar seguindo as setas amarelas até Borda da Mata...





... onde chegamos por volta das 11:00 horas.

Igreja matriz em Borda da Mata

Estávamos super bem. Resolvemos comer alguns pastéis na esquina da igreja matriz e seguir rumo à Tócos do Moji.

R$ 1,00 o pastel

Subidas e descidas insanas, passando por enormes plantações de morango, formam o cenário desse segundo dia. Não é fácil!






Eu e a Priscila nos revesávamos nas subidas: - Tá suave ou tá foda? E quem estava na dianteira respondia. A maioria das vezes tava foda! rsrsrs...

O topo da subida para chegar em Tócos eu me lembrava bem. A diferença é que, agora, colocaram um ponto de ônibus lá, todo azul, onde os peregrinos colam adesivos de seus grupos de ciclismo ou caminhada. O engraçado é que a gente chega cansado e, quando olha o quadro formado pelos adesivos, o que mais chama a atenção é o "Não desanime, Jesus te ama!". É bom ler porque muitos devem chegar nesse ponto desanimados de tanto subir.




Apreciando a vista

Engraçado, esse segmento apagou da minha mente. Eu simplesmente não lembrava nada do percurso.



Lembrava bem das enormes plantações de morango. E julho é época da colheita. Então, passando por uma plantação, resolvemos entrar e pedir para comer alguns. E comemos. Muito. Nos empanturramos de morango direto da roça! Presente dos deuses!



Chegamos na cidade de Tócos do Moji às 13:50 horas. Carimbamos a credencial, comemos mais alguns pastéis - pastel mineiro, com massa de milho, bem baratinho e delicioso, e aproveitamos o WiFi livre da praça.




Depois de muitas subidas, começamos a descer e aí - acho - compreendi por que meu cérebro bloqueou esse trecho: subidas duras e descidas perigosíssimas! Ou seja: nas subidas a gente geme e nas descidas a gente reza.







Descemos uma montanha inteira e chegamos a pensar que Estiva só poderia estar lá em baixo. Mas foi uma ilusão: para chegar na cidade, cansadas do dia inteiro de pedal, nos deparamos com uma inclinada subida.


Chegamos em Estiva por volta das 17:30 horas, carimbamos a credencial na padaria, que fica no térreo da Pousada do Poka: R$ 45,00 com café da manhã.

Nos abraçamos, porque só quem pedalou nesse segmento sabe a enormidade do esforço físico praticado. O Strava diz que queimamos 2.500 calorias.




Números do dia:

Distância: 67,9 km
Velocidade Média: 8,6km/hora
Tempo: 7h53m
Ganho de elevação: 2.319 metros

META DO DIA CONCLUÍDA COM SUCESSO!


23/07/2016 - Terceiro dia: Estiva a Luminosa



























As lembranças de 2008 inundaram minha alma quando cheguei em Estiva. Lembrei como havia sido difícil para mim; que chorei; que queria desistir e só não o fiz porque não tinha como voltar para casa. Tudo isso aflorou e fiquei estranhamente feliz em ter chegado tão bem desta vez.



Na Pousada do Poka, o café da manhã é servido num terraço coberto e tomavam o desjejum conosco alguns peregrinos que faziam o Caminho a pé. Todos estavam com os pés feridos, mas contentes por terem chegado até ali, caminhando uma média de 30-40km por dia. Uma enormidade!
Trocamos algumas impressões sobre as subidas e descidas pelas quais passamos e sobre a Vontade que nos dirige os passos e as pedaladas.
Concluí que é mais difícil e mais doloroso seguir a pé.

A manhã mais gelada encontramos em Estiva. 
Do terraço da pousada pudemos observar bandos de tucanos e o japonês peregrino, com uma super câmera, conseguiu várias imagens lindas.

Precisamos partir. Temos duas serras de respeito a vencer hoje: Caçador e Cantagalo. Bora!

Estiva fica às margens da Rodovia Fernão Dias. Passamos pela passarela e alcançamos as estradas de terra. O lugar é muito bonito. 




Estávamos a uma boa distância de Estiva quando o pneu da bicicleta da Priscila furou. Tranquilamente, em meio a tanta beleza natural, paramos para consertar. Mas não foi simples assim: ela esqueceu o adaptador do bico da câmara, que é diferente da minha. E, além disso, as rodas da bike dela são aro 29 e as minhas, aro 26. O que fazer? Como sair dessa situação? Ligando para o Estevam! Ele sabia como usar aquela "espuma" em spray que enche o pneu. 


Conseguimos contato, mas o adaptador era imprescindível, ele disse.
E agora? Bem - ele disse - a única maneira seria usar uma câmara minha, esticando bem, para ela entrar na roda 29'. 
E foi o que fizemos, com algum esforço.
Quase completando a operação de encher o pneu (por sorte da Priscila eu tinha bomba), chega uma camionete branca com o pai, o avô e três meninos, que faziam o Caminho com as bicicletas. 
Já havíamos nos encontrado antes. Pararam para nos ajudar com muita boa vontade. E eles tinham, além de um compressor de ar, vários tipos de bico. Muita sorte! 


Se até ali havíamos encontrados boas pessoas, pudemos constatar que "anjos" existem.

Em todas as paradas aproveitamos para comer alguma coisa: uma banana, uma maçã, castanhas... Sem esquecer a hidratação, que é fundamental.

Creio que a Serra do Caçador tem o visual mais incrível de todo o Caminho. O que vocês acham?








A próxima cidade é Consolação e ela fica distante 20km de Estiva. 



Pousada da Dona Elza


Chegamos na pequena cidade antes das onze da manhã. A Priscila estava preocupada com o pneu, não tem bicicletaria (!!!) em Consolação, de modo que precisamos agilizar nossa chegada em Paraisópolis - que é maior. Mas, sendo sábado... 

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A Serra do Caçador ficou para trás. Empurramos bastante. E o jeito é administrar as energias para enfrentar a Cantagalo, que também não é fácil.

Seguindo as setas amarelas, atravessamos a ponte sobre o Rio Capivari na companhia dos meninos da caminhonete branca. 

Quando estávamos a pouca distância na frente deles, no início de uma subida, o pneu esvaziou novamente. Resolvemos voltar e pedir ajuda, que não só ajudaram como disponibilizaram o bico compatível para o pneu da Priscila. Enquanto isso, ficamos comendo morangos no banco do ponto de ônibus. 




Até o momento, minha bike, na sua simplicidade robusta, não deu um rangido sequer.

De Consolação à Paraisópolis são mais 20km num sobe-e-desce, mas nada comparado com ontem.








Descida grande, subida grande, e chegamos na cidade por volta das 13:00 horas.

Paraisópolis



Havia festa na praça central. Mas as bicicletarias estavam fechadas. Tenso.
Carimbamos a credencial e resolvemos almoçar na rua ao lado da igreja. Comida mineira, muito boa e muito barata. E o que dizer da simpatia das pessoas? Adoro Minas Gerais!




Descansamos meia hora, colocamos as mensagem em dia e seguimos, rumo à Serra do Cantagalo.



A saída de Paraiso é em descida, até alcançarmos o acesso em terra, que com o movimento de automóveis e a seca, levantou poeira. Na verdade, pensei que o clima seco nos incomodaria mais, mas não.

Nem vou falar das subidas, porque já estou ficando repetitiva...rsrsrs...






O fato é que, depois de muito subir, encontramos um senhor e perguntamos a distância até Luminosa. E ele respondeu: - vocês nem chegaram em Cantagalo ainda! God!

- Tá suave ou tá foda? 

Por fim, chegamos na vila rural do Cantagalo, carimbamos a credencial, tomamos um refrigerante no simpático barzinho e seguimos em frente. O pior ficou para trás.




O território é de São Bento do Sapucaí- divisa de São Paulo com Minas Gerais e a altitude 1.265 metros.




A partir deste ponto começa uma grande descida até a pequena Luminosa. 




Começamos a rir quando avistamos a cidade e eu comentei com a Priscila sobre como é rápido esquecer os perrengues quando estamos prestes a chegar no nosso objetivo.



Entretanto, a descida exigia cuidados: além do declive acentuado, muitas curvas fechadas, pedras soltas e buracos.



E foi numa dessas curvas que encontramos três peregrinos a pé, um deles com os pés feridos, enfaixados. Sabíamos que nos encontraríamos na Pousada da Dona Ditinha. E continuamos a descida, felizes.

Mais uma vez fomos bem recepcionadas.



Jogamos água nas bikes e subimos para um bom banho e um merecido descanso. 

Havia um índio na pousada. A princípio, pensei que fosse funcionário da pousada. Mas fiquei na minha. Depois, no transcorrer do Caminho e das conversas, esse índio pareceu mais uma entidade das montanhas.

O WiFi da pousada era ótimo, de modo que pudemos colocar as mensagens em dia até a hora do jantar.

A Pousada da Dona Ditinha custa R$ 65,00 e inclui jantar e café a manhã.

Fizemos uma boa e merecida refeição na companhia do índio e dos três peregrinos que encontramos no alto da montanha: o Rogério, de São José dos Campos; o Fabio, do Rio de Janeiro, e o Hilbert, da capital.
Eles nos contaram as dificuldades, as dores e os risos no Caminho. Rimos muito com eles.

Encerramos esse terceiro dia na paz do dever cumprido.


Números do dia:

Distância: 66,1 km
Velocidade Média: 8,4 km/h
Tempo: 7h53min
Ganho de elevação: 2.206 metros
Calorias: 2.646



META DO DIA CONCLUÍDA COM SUCESSO!




24/07/2016 - Quarto dia: Luminosa a Campos do Jordão




https://www.strava.com/activities/652318763

Quando expressamos o desejo de fazer o Caminho da Fé, a primeira coisa que ouvimos de quem já esteve lá é: a Serra da Luminosa é o trecho mais difícil, uma verdadeira "parede". E é verdade.

Perfil da Serra da Luminosa

Também é verdade que a Luminosa ficou sendo um "fantasma" em minha vida. Os quilômetros mais duros enfrentados em todos esses anos de ciclismo. E era um fantasma que eu precisava exorcizar.

E o planejamento do Caminho, confesso, foi feito de modo a deixar a montanha o mais amiga possível. Dormir em Luminosa era a melhor forma de atingir meu objetivo.

Dormimos bem, nos alimentamos bem, o humor estava ótimo.




Os três peregrinos saíram antes de nós.

E o pneu da bicicleta da Priscila estava murcho novamente. Preocupante, mas foi dado um jeito.

Saímos da cidade...

Igreja de Luminosa

... e logo começamos a subir por entre bananais...


Quatro quilômetros depois, chegamos na pousada da Dona Inês. É uma boa opção também, para quem quiser avançar um pouco mais na subida.




Dá pra ver Luminosa lá embaixo

Após a pousada é que a subida fica casca-grossa...




Um pouco mais adiante, num dos piores trechos, o pneu esvazia de novo. Estávamos ali, a consertá-lo, chegam os peregrinos e nos auxiliam, surgindo, a partir daí, uma boa amizade entre nós.



A Serra da Luminosa não tem como ser pedalada em sua totalidade, mesmo que o ciclista esteja completamente descansado. Então o jeito é empurrar.

Pegamos água no Sitio Quebra-Perna e continuamos. O visual é maravilhoso, encantador.







Por volta das 11:30 horas terminamos a serra. Foram 10,87km feitos em 2h16min. E a média de 4.7km/h (!!!)

No fim da serra encontramos novamente o marco de divisa de Estados... 




E logo a seguir, o asfalto (com subidas) até Campista.


Estava frio, por causa da altitude, mas o dia estava lindo!

Paramos no Barão Montês para carimbar a credencial e almoçar. Comemos muito bem por R$ 20,00.





E o pneu estava vazio de novo...

Com sossego, tiramos o pneu à procura do furo. Encontrei um espinho mínimo, retiramos, consertamos, enchemos e os três peregrinos chegaram, cansados mas bem dispostos e bem humorados.

De Campista a Campos do Jordão, não se enganem - há muita subida, embora o Caminho seja lindo.





E o pneu murcha de novo...

Então, como vimos que ele não perdia todo o ar, a Priscila ficou com a minha bomba e ficou bombando até chegarmos em Campos do Jordão, que parecia que não chegava nunca.

Enfim encontramos a Pousada Refúgio do Peregrino, às 16:15 horas. (R$ 65,00)



Sentindo a musculatura dolorida, mas precisando sincronizar os dados do Strava, perdi um tempo antes de fazer qualquer outra coisa. Interessante que, em Luminosa, cidadezinha cercada de altas montanhas, a conexão com a internet era ótima e em Campos do Jordão, cidade grande no alto das montanhas, a conexão estava muito ruim.

Os quartos do Refúgio são coletivos, mas estávamos só nós duas de mulher, de modo que ficamos bem instaladas.

A Priscila resolveu pedir pizza e esperar os peregrinos, que deveriam chegar cansados, com fome e com frio. Que ótima idéia! Eles chegaram por volta das 21:00 horas.

Havíamos combinado, lá na Luminosa, que tomaríamos umas cervejas juntos. E foi muito legal. Rimos muito, choramos de rir com as histórias.

Números do dia:

Distância:  37,7km
Velocidade Média:  6,7km/h
Tempo: 5h37min
Ganho de elevação:  1.797 metros
Calorias: 2.004


25/07/2016 - Quinto dia: Campos do Jordão a Aparecida








   
















https://www.strava.com/activities/653132023

Acordamos sem pressa nesse dia, uma segunda-feira. Lembrando que a Priscila precisava procurar uma bicicletaria para ver o problema do pneu.

O café da manhã foi num clima de confraternização e é bom dizer que o Edson e  Marilda são ótimos anfitriões. 

Óbvio que quando se chega em Campos do Jordão, a gente pensa: -Ufa, acabou! Mas não é bem assim. O Caminho impõe persistência e resistência até o final. 

As setas amarelas nos levam à uma longa avenida, subindo bastante.


É uma estrada muito bonita e, do alto do mirante, a vista é essa:


E depois começamos a descer a serra. São muitos quilômetros que percorremos muito rápido, até chegar no vale.




Lá embaixo o giro fica rápido, mas sem moleza pois não dá pra parar de pedalar, e a serra fica pra trás...



Em 2008, as setas amarelas nos levavam até o centro de Pindamonhangaba. Mas este segmento foi alterado e agora, em vez de entrar no centro da cidade, ele segue por uma estrada de terra que passa por Graminha, onde paramos para o carimbo e para comer alguma coisa.


Percorremos mais uns dez quilômetros pela estrada de terra...




Faltam dez quilômetros...


Chegamos em Potim às 13:15 horas e já conseguimos ver o Santuário de Aparecida.




O relógio marca 13:40 horas.


Não tem como não ficar emocionado. Depois de tantos quilômetros percorridos alcançar o objetivo é muito bom. Dá uma sensação de força, dá uma sensação de empoderamento sobre o corpo e a mente e, ao mesmo tempo, uma compreensão da nossa pequenez diante de tanta grandeza.




Números do dia:

Distância: 76,8 km
Velocidade Média: 18,6 km/h
Tempo: 4h07min
Ganho de elevação: 957 metros
Calorias: 1.462



Aos leitores interessados em conhecer o Caminho da Fé, gostaria de compartilhar alguns conselhos/dicas/sugestões:

- A melhor época do ano é de abril a setembro, pois o calor e a chuva prejudicam e, por vezes, inviabiliza a rota.

- Evite a todo custo levar qualquer tipo de peso nas costas. Prefira um bagageiro com no máximo 5kg de peso. Até mesmo as mochilas de hidratação não são aconselháveis.

- Alimente-se bem antes, durante e após o pedal ou caminhada. Tenha certeza que essa atitude fará uma enorme diferença.

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Foi uma experiência gratificante demais e o que fica diante de tudo o que vivenciei é um sentimento de gratidão à Deus por me proporcionar saúde, força e coragem.

Agradeço a companhia da querida Priscila: mulher forte, determinada, bem-humorada, brincalhona e generosa.

Agradeço ao Sr. Almiro Grings, um dos idealizadores do Caminho da Fé, em Águas da Prata, por nos atender fora do horário. Não fosse isso, teríamos iniciado o Caminho muito tarde.

Agradeço o atendimento na Pousada Don Paolo, em Ouro Fino; na Pousada do Poka, em Estiva; na Pousada da Dona Ditinha, em Luminosa e no Refúgio do Peregrino, em Campos do Jordão.

Agradeço a todas as pessoas envolvidas no trabalho do Caminho da Fé, sempre gentis quando chegamos cansados e apressados para carimbar a credencial e nos dão todo tipo de informação, nos permitem usar o banheiro, tomar água...

Agradeço ao agricultor que deixou a gente comer morangos na roça, ao pessoal da caminhonete branca, aos três peregrinos, com os quais compartilhamos bons momentos.

Por fim, agradeço à Nossa Senhora Aparecida, esse Anjo de Luz, que nos guiou, amparou e iluminou nessa linda peregrinação.


TOTAL PERCORRIDO NOS CINCO DIAS: 330km